Bem, hoje tive um dia daqueles no trabalho. Tivemos uma reunião em que tínhamos de comentar/criticar os trabalhos dos colegas; aquilo é uma espécie de sessão de brainstorming.
Chegou a vez da minha colega venezuelana (acho que já falei dela aqui, é a giraça!), que está a trabalhar num anúncio para a promoção do Rio de Janeiro como destino de férias. O anúncio vai ser lançado nas TVs daqui a umas semanas e o vídeo promocional estava bastante bem editado, ela tem bastante jeitinho para a coisa, por acaso.
Quando chegou a minha vez de comentar, disse que gostava, que só não gostava muito da banda sonora que ela escolheu. “A garota de Ipanema”… Eu adoro a música, adoro mesmo. Amo Bossanova, venero o Tom Jobim. Mas “A garota de Ipanema”, é das músicas mais batidas do mundo. E é SEMPRE utilizada quando se fala do Brasil. Ela ficou a olhar para mim com uma cara…
O meu coordenador perguntou-me se eu tinha alguma sugestão, já que parecia "mais dentro do assunto". Lembrei-me do “Samba do avião”. A letra da música fala da vista e das paisagens do Rio de Janeiro vistas de um avião que está a aterrar. Parece ter sido feita para isto. Claro que eles não conheciam.
“Canta um bocado, então”, diz-me ele.
Dei uma valente gargalhada. Olhei à volta, mais ninguém se ria.
“Está a brincar, certo?”, já estava assustada…
Todos me olhavam com grande expectativa.
“A menos que tenhas o disco contigo… Vá lá, estamos à espera…”.
Fiquei a olhar para eles todos durante uns quantos segundos… Quando vi que aquilo era mesmo a sério, limpei a voz e lá comecei a cantarolar o ritmo.
Com os dedos, batucava na mesa, tentando reproduzir- sem sucesso…- a batida da música. Fechei os olhos, chamei a Elis Regina que há em mim e desatei a cantar o raio da música, sentindo-me uma daquelas aves raras que aparecem nos Ídolos…
Cantei só até ao fim do refrão e quando voltei a abrir os olhos, continuavam todos muito sérios. O coordenador levantou a sobrancelha e disse apenas “Bravo”.
Irónico, claro.
Olhou em volta e desataram todos a rir. À gargalhada.
Achei que ia desfalecer de vergonha…
Ele piscou-me o olho e sorriu “I told you we’d get ya…”.
Enquanto todos limpavam as lágrimas de riso, lá me apercebi: fora praxada e caíra que nem um patinho…
P.S.: Apesar do ambiente divertido, a Miss Venezuela (alcunha ridícula, mas a esta hora já não estou muito criativa...) continuava a olhar para mim como se eu fosse um alvo a abater. As mulheres são do pior, tão competitivas… Just chill out, girl…
2 comentários:
LOL Tás com saudades do karaoke, é o que é:P
E eu tou com muitas saudades tuas, sis:(
Nocas: Uma coisa é o karaoke na tasca chunga em Santos, outra é cantar à capella no meio de uma sala de reuniões... Que humilhação.
Não me faças falar em saudades... Vem-me ver!