Singularidades de uma rapariga loura

Descobri este rapaz há pouco tempo. A letra desta música perturba-me porque lembra-me muita coisa: da pessoa que eu era, do quanto eu queria deixar de ser essa pessoa, da luta interior que se mantém até hoje, whatever...




"She would change everything for happy ever after.

Caught in the in between of beautiful disaster,

But she just needs someone to take her home".

Eu não aprendo... Já sei que não me sei controlar, mas mesmo assim insisto. Eu não sei beber UM copo. Nunca é só um copo, nunca é só um cigarro (estou há 6 meses sem fumar), nunca é só um quadradinho de chocolate e por aí vai... A culpa é da porra da 'personalidade aditiva'. As aspirinas não me fazem efeito nenhum, tenho uma escola de samba dentro da cabeça.

Adiante. Ontem foi o meu último dia e os meus colegas ofereceram-me prendinhas e postais e eu, como já tinha previsto neste espaço, chorei que nem uma condenada, não porque seja uma pessoa particularmente sensível (já me disseram que eu sou fria; também já me disseram que era quente- mas isso é outra conversa...), mas porque tenho andado num tumulto emocional nestes últimos tempos.

O jantar foi no Bairro Alto, a sangria estava um mimo, bota abaixo, bota abaixo e aqui a vossa amiga acabou a noite a cantar fado à desgarrada e a debater o Tratado Europeu encostada ao patrão. Degredo total. Se não fosse a intervenção da Brigada Anti-Álcool (aka namorada), sabe Deus que figuras mais teria feito.

Esta amanhã enfiou-me no carro, depois de 2 aspirinas e um Gurosan e viemos até ao reino dos Algarves. Devem estar uns quarenta graus e eu estou a morrer, só estou bem com a cabeça dentro da piscina, a minha lindinha já está toda dourada e está a chamar-me. Ora, se me dão licença, vou munir-me do meu melhor amigo e ver se apanho uma corzinha...

Mal acredito que amanhã à tarde entro de férias... Este ano foi de loucos. Apetecia-me mergulhar na cama e hibernar durante um mês. Só vou ter uma mísera semana de férias que nem férias vão ser. Tenho tanta coisa para tratar ainda...

Detesto mudanças! Abrir o armário e ter de escolher o que vai e o que fica. Eu não sei seleccionar, acho que vou levar tudo comigo! (Só espero que não me percam as malas como é apanágio da TAP...).

Amanhã é o meu último dia cá no emprego. Vou ter saudades disto, apesar do cansaço. Como dizem os brasileiros "a gente se f*de, mas a gente se diverte!". Diz que vai haver festarola em minha homenagem e tudo... Detesto essas mariquices porque detesto chorar em público e já sei que me vou debulhar em lágrimas! Sinto-as aqui a fervilhar há dias...

Sei que sou uma exagerada, que muita gente se muda para sítios ainda mais longe e inócuos, mas eu tenho medo. Mas nem sei do quê! Sempre tive esta vontade de viver fora, mas... Digamos que gostaria de ter a companhia de uma certa pessoa...

Apesar de tudo, estou optimista. Acho que vou gostar do novo emprego e de lá viver. As saudades vão ter de ser sublimadas de alguma forma... Alguém tem alguma sugestão?

A oferenda

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...
Trago-te estas mãos vazias
Que vão tomando a forma do teu seio.

Here I come...


E já estou com saudades de quem fica...

O season finale da 9ª temporada de ER foi um daqueles momentos de televisão que toca qualquer pessoa pelo comovente retrato que fez da violenta guerra civil no Congo.

Para quem não viu, um breve resumo: ainda a recuperar-se da morte da avó e confuso sobre a sua relação com Abby (Maura Tierney), Carter (Noah Wyle) decide partir para África e juntar-se a Kovac (Goran Visnjic), que está a fazer voluntariado no Congo. Quando chega a Kisangani, tem à sua espera centenas de pacientes moribundos e condições de trabalho bem distantes daquelas que a que está habituado em Chicago.

Os olhos de Carter olhavam com espanto e tristeza para tudo o que se desenrolava à sua volta: crianças a morrerem com poliomielite, SIDA, malária. Era evidente a sua frustração quando viu que um menino ia morrer de tosse convulsa, quando um remédio de 10 dólares poderia salvar-lhe a vida... O Noah Wyle é um actor fabuloso. Via-se nos olhos de Carter a tristeza e a impotência que sentia, a compaixão e o carinho com que tratava daquelas pessoas…

O que mais gosto em ER são as cenas de trauma (gosto de House, mas sinto falta do tumulto das urgências…). As macas a entrarem hospital adentro, a confusão de médicos e enfermeiros a gritarem, muito sangue, o chiar irritante dos monitores… Mas poucas vezes uma cena me impressionou tanto como a cena de amputação deste episódio. Numa tenda mal iluminada, Luka e Carter tentavam serrar (isso mesmo, com um serrote…), o que sobrava da perna de uma miúda que tinha pisado uma mina enquanto os guerrilheiros invadiam e disparavam por todos os lados…

Gostei muito da conversa entre Luka e Carter sobre a guerra. O croata argumentava que os americanos não sabem o que é a guerra porque as travam sempre em território inimigo. Carter lembrou os soldados que morreram no Iraque. E Kovac rematou: “Yeah, but your children don’t starve to death and your women aren’t raped…”.

Se eu fosse aqui dissertar sobre a guerra do Iraque não saía daqui hoje, mas acho muito corajoso uma série de um canal mainstream como a NBC afirmar de forma tão vincada a sua oposição ao conflito no Iraque.

Já deu para reparar que eu adoro esta série? O meu sonho era ser médica e fazer uma daquelas toracotomias de emergência! Felizmente, tive o bom senso de perceber que as ciências não eram o meu forte. O meu pai ficou desiludido, mas acho que os meus possíveis pacientes agradecem!

Na verdade, acho que foi a ver ER que eu me apercebi que não me conseguia decidir entre homens e mulheres:P Quem não se lembra do Dr. Ross, o pediatra mais sexy da TV (George Clooney)? E embora eu tivesse um fraquinho pelo Carter, sempre achei a Dra Susan Lewis (Sherry Stringfield) e a enfermeira Carol (Julianna Margulies) dois pedaços de mau caminho…

BERLIN (Reuters) - German police called to investigate unusual noises in the garden of a Bremen house late on Monday were surprised to find that a pair of amorous hedgehogs were to blame.
After illuminating the garden with spotlights, officers discovered the animals making love beside the pond.

Yahoo! News

Um ouriço já não pode fazer o amor em paz, tsc-tsc...

As autoridades britânicas continuam a braços com uma catástrofe natural sem precedentes no Reino Unido nos últimos 60 anos, com várias regiões da Inglaterra ainda submersas e receosas do mau tempo que deverá continuar até sexta-feira.

DN Online

Estamos quase em Agosto. Isto não é normal.

(Note to self: Juntar à lista de desvantagens de me mudar para Londres...).

Confesso que faço parte daquele grupo de condutores que acredita que consegue mudar o semáforo para verde se olhar para ele com a intensidade certa...

Sinto uma mão a enlaçar-se na minha que descansa na manete das mudanças. Ela olha para mim e leva-a aos lábios, percorrendo-a com pequenos beijos, do pulso à ponta dos dedos...

"Isso veio a propósito de quê?", sorrio.
"Não sei... Pareceu-me ser a coisa certa a fazer...".

Esqueço-me completamente do semáforo.

Buzinas impacientes avisam-me que alguém conseguiu mudar a cor do semáforo...

Este postzinho é dedicado aos meus pais que hoje fazem 30 anos de casados! Meu Deus, 30 anos! E dá gosto vê-los ainda tão amigos, tão apaixonados, tão cúmplices...

Há 30 anos, um médico barbudo acabado de sair da faculdade raptou uma linda menina da casa dos meus avôs. O meu avô opunha-se ao casamento; queria que ela se formasse primeiro. Ai, a inquietude dos jovens!

Casaram, tiveram dois filhos e nestes 30 anos houve mais gargalhadas e beijos do que discussões e conflitos. Não vivem um para o outro, mas sim um com o outro e espero um dia ter com alguém, o que os meus pais têm um com o outro.

"Quando temos uma relação que é baseada em confiança, respeito e carinho, inchamos o peito e desafiamos a vida porque já temos aquilo que realmente interessa".
(O meu pai não é um romântico? ;)

Então, aqui fica o vídeo da música deles. "João e Maria", de Chico Buarque.



"Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha medo..."

Ontem levei a minha mãe à praia. Assim de repente, poderia citar 256 coisas que prefiro a me levantar às 9h da manhã de um sábado, mas como já não suportava ouvi-la dizer que “nunca vamos a lado nenhum juntas”, cedi.

Depois de me artilhar o porta-bagagens com toda a espécie de utensílios e acessórios que não chegaríamos a usar, lá partimos em direcção à praia.

Pelo caminho, falámos de tudo menos das coisas que realmente interessam; a vida alheia é tão mais fácil de dissecar que a nossa...

Toalha estendida, protector devidamente aplicado e eis que começa.

Primeiro lança-me aquele olhar melancólico à Princesa Diana.

“O que foi?”.

“Nada…”.

Aconchego-me e preparo-me para tentar voltar a adormecer.

A minha mãe suspira.

Eu abro um olho, expectante.

“Ó filha… mas tu até és jeitosa e já namoraste com tantos rapazes!”

Respiro fundo.

“Outra vez esta conversa, mãe? Pensei que já tivesses superado isso…”

“Não fales assim com a tua mãe! E quando é que tomas juízo nessa cabeça?”

Apoiada num cotovelo, permaneço impávida, mas não serena.

“Que futuro é que pensas que vais ter, filha? E não é nada contra a L., é uma rapariga com cabeça, não tenho nada a dizer. Mas a vida não é cor-de-rosa!”, gesticula.

Eu olho o cigarro que lhe dança entre os dedos.

Já há seis meses que não toco num. Sabia-me bem agora, just to take the edge off...

“Acho que me cabe a mim escolher os tons com que pinto a minha vida…”, respondo com uma voz mais calma do que realmente estou.

Ela abana a cabeça e mergulha em Dostoiévski.

“Também não é preciso me odiares…”, tento meter água na fervura, mas ela interrompe-me.

“Deixa de ser palerma, Maria Isabel. Saíste de dentro de mim, tu e o teu irmão são o que tenho de mais valioso!”, dispara peremptória.

E eu sorrio.

Mania de você
(Rita Lee)

Meu bem você me dá água na boca
Vestindo fantasias, tirando a roupa…
Molhada de suor de tanto a gente se beijar,
De tanto imaginar loucuras…

A gente faz amor por telepatia
No chão, no mar, na lua, na melodia.
Mania de você, de tanto a gente se beijar
De tanto imaginar loucuras.

Nada melhor do que não fazer nada
Só pra deitar e rolar com você…





E aquela silhueta sinuosa que me faz estremecer… Aquela pele, com “cheiro de cravo, cor de canela”, que se incendeia sob o meu toque… As mãos, delicadas e conquistadoras… A língua selvagem e apaziguadora… E dois corações que batem acelerados, colados, consumidos…

"You do something to me", Paul Weller.

Após anos de resistência, lá me rendi ao mundo dos blogues.

Porquê esta resistência? Temo não ter nada de relevante a acrescentar.
Mas tenho muito coisa para extravasar.
Principalmente agora.

Nunca me senti tão indecisa, tão... perdida. Tenho de tomar uma decisão que não quero tomar. Porque não podemos ter tudo na vida? Amor e realização profissional? Eu não quero uma vida fracturada, quero viver plenamente. A fazer o que gosto e com a mulher que amo.

Amar...

Nunca achei que teria tanto amor a germinar dentro de mim. Muita gente passou na minha vida, mas nunca ninguém me conheceu completamente. Pouca gente realmente se deu ao trabalho de me ver. De conhecer, além do meu corpo, o que está lá dentro.

E tu fizeste isso. Mantiveste-me à distância até veres que havia algo em mim que valia a pena conhecer e desde então estás tatuada em mim.
Respiro-te, louvo-te, quero-te.
E quero viver-te.
Sempre.