Gabriela
5/12/2010 10:02:00 da tarde | Author: Isa
Há uma livraria de esquina numa rua por trás de onde trabalho que é uma delícia. Daqueles sítios onde os livros ainda cheiram a livros e onde se cruzam estudantes de direito à procura de manuais em segunda-mão e neo-comunistas à procura do Das Kapital.


Uma vez por semana há um escritor em destaque. Esta semana é o Jorge Amado, um ilustre desconhecido por estas bandas - ainda por cima lusófono - que é um dos meus romancistas preferidos. Afinal, faço parte da última geração que cresceu a ver telenovelas brasileiras e o primeiro contacto com a obra dele foi através das produções da Globo.

O destaque era "Gabriela, Clove and Cinnamon". A famosa Gabriela pela qual os nossos deputados saíam da Assembleia da República mais cedo para não perderem o episódio do dia.

Nunca vi a telenovela, não é do meu tempo, mas li o livro numas férias de verão há uns 5 anos e existem frases que nunca mais me saíram da cabeça. Imagino sempre a imagem da Sónia Braga como a morena com cheiro de cravo e cor de canela.

Isto para dizer que comprei o livro, pois claro.



Os olhos do árabe fitavam Gabriela a dobrar a esquina por detrás da Igreja. Mirou a sereia, seu rabo de peixe. Assim era a anca de Gabriela. Mulher tão de fogo no mundo não havia, com aquele calor, aquela ternura, aqueles suspiros, aquele langor. Quanto mais dormia com ela, mais tinha vontade. Parecia feita de canto e dança, de sol e luar, era de cravo e canela.