Primeiro encontro
8/27/2007 05:36:00 da tarde | Author: Isa

Faz hoje dois anos que a vi pela primeira vez.

Detesto entrar de penetra em festas, mas o meu noivo/esposo/amante das horas vagas (aka my best gay friend) arrastou-me porque estava interessado no dono da festa e precisava de mim lá. (Basicamente, para eu lhe dizer que estava giro, que as calças lhe assentam bem no rabo e outras paneleirices que agora não interessam...)

Na época estava numa fase rara em que andava com a auto-estima muito para cima, atacando em todas as frentes e se eu já sou desinibida em estado normal, com álcool no sistema a coisa piora. Não estava bêbada de dar dó, mas já tinha bebido umas caipirinhas e já estava bem alegre. O meu amigo foi falar com o tal tipo e eu fui em direcção àquelas costas morenas lindas.

Primeiro balde de água fria: não me deu grande atenção. Mas eu sou muito teimosa e insistente (principalmente quando estou com os copos:) e passei a noite toda a assediá-la. A sorte é que era numa casa privada e o ambiente era super gay, por isso ninguém ligou muito. Não conseguia evitá-lo, tudo nela me deixava sem ar. Eu parecia um daqueles tipos rebarbados que eu tanto detesto. A forma como ela dançava, a forma como ela prendia o cabelo, a forma como ela ria... Achava tudo tão irresistível... É óbvio que o facto de ela ser giríssima e ser boa-comó-milho (há anos que não ouço esta expressão...) ajudou. Mas era mais que isso.

Não, não acredito em amor à primeira vista. O amor é um sentimento que engloba várias etapas até ser atingido. Atracção à primeira vista, definitivamente. Mas eu sabia que com aquela rapariga ia ser diferente. Não sabia porquê, mas sabia-o.

Quando ela me disse que era lésbica, achei que tinha ganho o jackpot e já estava a fantasiar com o fim da noite (eu sei, muito presunçoso da minha parte...), trocámos uns beijos e a química era assustadora! Ela parou para me perguntar se eu já tinha feito aquilo, que me achava muito gira, mas não queria servir de experiência para uma rapariga heterossexual... Eu disse-lhe que já tinha estado com outras mulheres, que era bissexual e foi no exacto momento em que proferi essa palavra que tudo mudou.

Começou-se a rir na minha cara, a dizer que não tinha "tempo para isto" e deixou-me ali a fervilhar. What a bitch. Segundo balde de água fria. Fui atrás dela, encostei-a literalmente à parede. Ela dizia que "Bi não existe. Ou és lésbica ou não és! Se ainda não sabes o que queres, deixa-me em paz, porque eu sei!". Ainda por cima tinha pêlo na venta. Me likes.

Depois desta cena digna de um L Word mexicano, já nem sabia o que pensar. O raio da miúda estava claramente traumatizada... Pedi-lhe o número de telefone, não mo deu. Fiquei muito despeitada- estava na fase 'I'm-so-hot-nobody-turns-me-down', lembrem-se- e não descansei enquanto não arranjei o número dela e o mail. Passado uns dias, ela acalmou e já falávamos mais regularmente, ela percebeu que eu não mordia e convidei-a para jantar.

Levei-a a um restaurantezinho que eu frequento desde criança, porque já me conhecem e sou sempre muito bem atendida. Peço picanha e vejo a cara dela enojada a olhar para mim. Era vegetariana. Deu-me um sermão sobre como era atroz e desumano comer carne animal e como para ela era impossível ter uma relação com uma "carnívora". Tive a brilhante ideia de dizer que não tínhamos necessariamente de ter uma relação e ela passou-se.

Foi estúpido da minha parte, mas tinha de ser sincera. Não estava, de todo, à procura de uma relação. Ela não queria um affair com uma rapariga "carnívora", bissexual e mais nova que ela. Tinha tudo para não funcionar, não é?

Entre esse dia e até começarmos a namorar passou quase um ano. Nunca andei tanto tempo atrás de alguém e já estava mesmo para desistir. Ela tirava-me do sério. Ficámos amigas e eu sentia-me tão bem quando estava com ela... Demorei um bocado a aperceber-me que estava apaixonada por aquela mulher tão complicada... E à lista de razões pelo qual não podia acontecer nada entre nós, juntou-se a velha desculpa de "não quero estragar a nossa amizade". Tinha ciúmes das pessoas com quem eu me envolvia, mas depois não queria nada comigo... Só me dava sinais contraditórios. Estava a deixar-me maluca.

Uma noite, no Bairro Alto, discutimos a sério. Ouvi muita coisa que não queria, mas também disse-lhe o que estava entalado.
"Deves ser muito burra, não percebes que estou apaixonada por ti, porra?!"... Hoje envergonho-me só de pensar. Que raio de declaração. Ela ficou a olhar para mim, finalmente calada. E eu beijei-a no meio daquela confusão, o carro da patrulha a abrir alas e nós esmagadas contra a parede... Cenário muito romântico, não é?

O começo foi pouco ortodoxo, admito. Nem tudo foi um mar de rosas. Discutimos de vez em quando, temos as duas temperamentos fortes e quando a coisa explode, afastem-se todos! Mas mesmo nessas alturas, olho para ela e sei que ainda temos muita coisa para viver. Não sei o que o destino nos reserva, mas sei que é ela.

Adorei as flores. Amo-te.
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3 comentários:

On 27 de agosto de 2007 às 20:54 , Anónimo disse...

A primeira coisa que me disseste foi "Acho que já te vi em algum lado...". LOL Já sabes como eu sou... És uma tentaçãozinha, estava a achar que era bom demais para ser verdade! :P

Mas mesmo assim, até que nos saimos bem, não foi? Amo-te muito e estou a contar os dias para te abraçar de novo e olhar para esses olhos azuis...

 
On 27 de agosto de 2007 às 21:01 , Isa disse...

:D

Eu não te deixo voltar para Portugal...

 
On 27 de agosto de 2007 às 22:56 , Anónimo disse...

Se não tivesses ido comigo, não se tinham conhecido! Agora já tou farto de ser Cupido, é a tua vez de me arranjares um gajo decente!! :'(